quinta-feira, 5 de novembro de 2009

As variedades e o diagnóstico da enxaqueca.

Uma boa parte da população brasileira tem enxaqueca e as pessoas que a têm, descrevem-na como a pior dor de cabeça possível.
Há dois tipos principais de enxaqueca: a enxaqueca clássica, chamada de enxaqueca com aura na Classificação Internacional das Dores de Cabeça e, a enxaqueca comum, também conhecida como enxaqueca sem aura. É possível ter os dois tipos de enxaqueca: 70% das pessoas que têm ataques de enxaqueca clássica também têm ataques de enxaqueca comum.
Estas são normalmente semelhantes aos ataques clássicos porém, sem a aura.
Cerca de 1% dos pacientes com enxaqueca têm ataques de aura isoladamente, sem nenhuma dor de cabeça subseqüente. Nos dois tipos de enxaqueca, as dores de cabeça são normalmente numa metade da cabeça, mas podem ser ocasionalmente nos dois lados. Uma das características incomuns da dor de cabeça é que o lado pode variar. Um paciente, por exemplo, que normalmente tem ataques no lado direito da cabeça pode, em alguns ataques, ter o lado esquerdo afetado. A dor varia muito de gravidade, indo desde uma dor contínua e surda e até a um latejo insuportável.

Além da dor de cabeça, a maioria das pessoas sente-se doente e cerca de 75% acaba por vomitar. Poucas pessoas também sofrem de diarréia. Um ataque de enxaqueca dura de umas poucas horas até 72 horas e há um período livre de sintomas de ao menos 72 horas - normalmente maior - entre os ataques.

A enxaqueca clássica.
Esta é aforma mais dramática de enxaqueca, mas representa apenas cerca de 35% de todos os ataques de enxaqueca. A dor de cabeça, náusea e vômitos são precedidos por luzes piscando ou outros sintomas sensoriais. O ataque de enxaqueca consiste em quatro fases: o estado prodrômico (sintomas de aviso do inicio), a aura, a dor de cabeça e a recuperação.

Pródromos.

A maioria das pessoas não reconhece de início o estado prodrômico porque os sintomas são indefinidos. Algumas vezes, esses sintomas não reconhecidos por outros membros da família e, só mais tarde, pelo paciente. Os sintomas podem durar de 1 a 2 horas ou até 24 horas.

Aura.

A próxima fase é a aura, que dura de 10 a 60 minutos. O termo aura tem sido usado para descrever os sintomas que precedem a dor de cabeça de enxaqueca clássica. Uma variedade admirável de alterações visuais pode ser vivida durante a aura. A mais simples consiste de estrelas brilhantes, faíscas, lampejos, ziguezagueares ou padrões geométricos simples que atravessam o campo visual.
O paciente pode queixar-se de ver estrelas brilhantes na frente dos olhos, algumas vezes uma estrela mais brilhante que o resto, começando do canto inferior do campo visual e passando rapidamente através dele. Em outros momentos, a aura consiste de ondulações ou cintilar do campo visual ou mesmo de uma perda temporária da visão numa parte dele. Luzes ziguezagueantes semelhantes a um castelo fortificado (chamadas de espec-tros fortificados) também podem ocorrer. Sintomas sensoriais incluem formigamentos e comichões, que normalmente ocorrem em uma das mãos ou braços, ou ao redor da boca. A sensação de formigamento tipicamente começa nos dedos e espalha-se gradualmente para os braços num período de 15 a 20 minutos. Às vezes, há dificuldade de falar, confusão mental ou fraqueza no braço, mas esses sintomas não ocorrem tão freqüentemente.
Após 10 a 60 minutos esses sintomas remitem e são seguidos de dor de cabeça, náusea e vômitos. Se algum deles persistir por mais de uma hora você deve ir ao seu médico, uma vez que eles podem ser causados por uma situação de base mais séria.
Enxaqueca comum
Nesse tipo de enxaqueca o ataque é semelhante àquele da enxaqueca clássica, começando com o estado prodrômico, mas não há aura. Como o nome sugere, a enxaqueca comum é a forma mais comum e responde por cerca de 65% dos ataques de enxaqueca.


Dor de cabeça do tipo "Cluster".

Essa é freqüentemente confundida com a enxaqueca, mas difere da enxaqueca clássica e comum em vários aspectos. Ocorre em homens, mais do que em mulheres, começa geralmente em pessoas que estão nos seus 30 anos e é rara, afetando menos de 1% da população.
A dor de cabeça do tipo "cluster" é chamada assim porque tende a aparecer em surtos ("clusters"), cada um deles durando de quatro a oito semanas. O ataque se forma em poucos minutos, durando cerca de 45 minutos no total. Vários ataques podem ocorrer a cada dia durante o período do surto, tipicamente acordando o paciente do seu sono.
A dor sempre ocorre no mesmo lado da cabeça e cada surto e é sentida como uma dor grave ao redor do olho. Ela pode irradiar-se para cima do olho e das têmpuras, para o maxilar ou gengivas, para o mesmo lado ou, mais raramente, pela metade da cabeça. Quando a dor é grave, a pupila do lado afetado pode contrair, o olho fica avermelhado e lacrimeja e, ocasionalmente, a pálpebra cai. Alguns pacientes suam profusamente, particularmente no lado da face afetada. O nariz pode parecer congestionado e a pele daquele lado pode estar hipersensível. A dor deste tipo é tão forte e desconfortável que o paciente freqüentemente anda de um lado para o outro ou se balança para frente e para trás tentando encontrar maneiras de se distrair da agonia.
Essa dor excruciante pode ser pulsátil ou latejante, mas é normalmente descrita como uma queimação, cansativa, pinicante, em rasgo ou triturante. Durante um surto e entre os ataques, aárea ao redor do olho fica como se tivesse sido machucada.
Muitos pacientes podem ocasionar os ataques se beberem álcool durante um surto embora eles possam beber quando estão fora do período do surto.

Outras variedades de enxaqueca.

Existem outras variedades menos comuns de enxaqueca. Um tipo raro é a enxaqueca oftalmoplégica. Ela ocorre em pessoas jovens de 6 a 12 anos e, além das dores de cabeça, pode haver fraqueza dos músculos de um dos olhos. Num outro tipo - que os médicos chamam de enxaqueca basilar - tontura, desequilíbrio e dificuldade de falar podem estar associados a dor de cabeça. Um outro tipo raro é a enxaqueca hemiplégica. Nesta, há uma fraqueza recorrente de um dos lados do corpo. Muito freqüentemente, há uma história de ataques semelhantes em algum outro membro da família e a fraqueza, normalmente, é do mesmo lado.
Diagnósticos.
A enxaqueca é difícil de diagnosticar porque não há testes específicos para ela - o diagnóstico depende da história e do exame físico.perguntas relativas à freqüência, tipo, local da dor de cabeça e os fatores desencadeantes ajudam no diagnóstico. A enxaqueca, a dor de cabeça tensional e a dor muscular localizada tornadas como um todo representam 90% das dores de cabeça referidas para uma avaliação do especialista a partir dos médicos de família.
O diagnóstico é comparativamente fácil quando estas dores de cabeça ocorrem separadamente mas, quando duas ou mais ocorrem ao mesmo tempo, como freqüentemente acontece, fica bem mais difícil. Antes que os tipos raros sejam diagnosticados, todos os outros diagnósticos devem ser excluídos. Isto pode significar que você seja encaminhado a um neurologista pelo seu clínico geral.
Ele irá obter uma história detalhada e examinará você, assim como pedirá uma TC (tomografia computadorizada) ou uma IRM (imagem de ressonância magnética). Essas são maneiras especializadas e indolores de visualizar o cérebro e o crânio. Contudo, esses testes são muito caros e normalmente desnecessários, assim, eles só serão pedidos se o neurologista achar que são absolutamente essenciais.

Pontos centrais:

Há dois tipos principais de enxaqueca - enxaqueca clássica (35% dos ataques) e enxaqueca comum (65%) O ataque de enxaqueca clássica possui quatro fases: o estado prodrômico, a aura, a dor de cabeça e a recuperação.
A enxaqueca comum não tem a fase da aura. A dor de enxaqueca é normalmente na fronte e nas têmporas.
Ela é geralmente num lado só e pode ser grave. A dor de cabeça do tipo "cluster" (freqüentemente confundida com a enxaqueca) é sentida no olho e ao redor dele, algumas vezes irradiando-se para as têmporas, maxilar ou gengivas do mesmo lado. Não existem testes específicos para a enxaqueca - o diagnóstico depende da história e do exame do paciente.

Texto extraído do GUIA DA SAÚDE FAMILIAR da revista ISTOÉ de 06 de 2001.

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